Neste capítulo vamos estudar métodos para aproximar a função primitiva F, resultante
de integrar uma função conhecida f. Poderiamos encarar este problema numa
perspectiva geral, em que o objectivo seria aproximar uma solução de uma
equação diferencial, já que o este caso corresponde a encontrar F tal que F' = f ,
mas isso não faz parte do programa.
Mais concretamente, basta-nos concentrar na integração de uma função f num
certo intervalo [a, b]. A ideia base é aproveitar a aproximação por interpolação polinomial,
que já estudámos, para obter uma aproximação razoável da função integranda
através de polinómios, que são funções fáceis de integrar.
Um exemplo simples é aproximar a função por rectas interpoladoras nos pontos a e b,
claro que, neste caso, a aproximação pode estar desajustada, e podemos melhorar a aproximação,
usando, por exemplo, um polinómio de grau superior ou um spline linear.
Dum modo geral, com vista a aproximar o integral
vamos considerar fórmulas de integração (também designadas
fórmulas de quadratura do tipo:
onde x0 , ... , xn são pontos conhecidos,
pertencentes ao intervalo [a, b], designados por nós de integração,
e os coeficientes A0 , ... , An são coeficientes
a determinar, independentes da função f, que designamos pesos.
Um critério habitual, para determinar os pesos na fórmula de quadratura, é exigir que
ela dê o valor correcto do integral de polinómios de um certo grau.
Assim, se a fórmula verificar
In( qm ) = I ( qm )
para qualquer polinómio qm de grau < m, dizemos que a fórmula
de quadratura tem, pelo menos, grau m .
Se, para além disso, tivermos
In( qm+1 ) =/= I ( qm+1 )
para um certo polinómio qm+1 de grau m+1,
dizemos que a fórmula de quadratura tem grau m.
Método dos Coeficientes Indeterminados
Como, quer o integral, quer a fórmula de quadratura, são operadores lineares, exigir que
a fórmula tenha pelo menos grau m:
In( a0 + ... + amxm ) =
I ( a0 + ... + amxm )
equivale a
a0 In( 1 ) + ... + am In ( xm ) =
a0 I ( 1 ) + ... + am I ( xm )
para quaisquer a0 , ... , am. Ou seja, equivale a exigir que
In ( 1 ) = I ( 1 ) |
In ( x ) = I ( x ) |
... |
In ( xm ) = I ( xm ) |
substituindo as expressões, obtemos um sistema
Para que o sistema seja possível e determinado, impômos que m = n, obtendo-se assim
onde a matriz do sistema é a transposta da matriz de Vandermonde que, como vimos,
é invertível, se os nós forem distintos.
Temos, assim, dados os nós de integração, uma solução única para os
pesos A0 , ... , An .
Reparando que o valor da fórmula de quadratura corresponde ao valor do integral do
polinómio interpolador, obtemos, através da fórmula de interpolação de Lagrange :
e assim, os pesos podem também ser dados através dos integrais dos polinómios
de Lagrange li( x ).
Fórmulas de Newton-Cotes
Vamo-nos concentrar agora em estudar algumas das fórmulas de quadratura mais
comuns, como sejam, a Regra dos Trapézios e a Regra de Simpson, que fazem
parte uma classe mais geral de fórmulas de quadratura, designadas Fórmulas
de Newton-Cotes.
Nestas fórmulas consideramos os nós de integração igualmente espaçados
xi = x0 + i h
para i = 0, ... , n, onde h é constante = (xn - x0) / n .
E dividimos as fórmulas em dois grupos principais
Fórmulas de Newton-Cotes Fechadas
exige-se que x0 = a, xn = b
Exemplos :
Regra dos Trapézios
Regra de Simpson
Fórmulas de Newton-Cotes Abertas
exige-se que todos os xi estejam no intervalo ]a, b[
Exemplo :
Regra do Ponto Médio